Depois
de sofrer a dor de um
amor perdido, nada
melhor que analisar-se
os motivos, fatos,
atitudes e desfecho,
principalmente para não
cair em outra esparrela,
até à próxima
encarnação... quem
sabe, mais duas à
frente, corre-se menos
riscos.
Mesmo porque ninguém
agüenta cara de mulher
apaixonada... é um
olhar que não enxerga,
uma felicidade tão
histérica, uma alegria
tão bestificada que,
depois que passou, é
difícil entender porque
as pessoas não se
isolam a um raio de
quilômetros da mulher
em estado de paixão....
porque ficar perto é
terrível... um suspirar
de hora marcada (leia-se
a cada inspiração do
ar), um dependurar-se ao
telefone, com aquela
cara estúpida,
levitando a cada
estupidez que é dita do
lado de lá... um
acreditar em tudo que o
amado diz, sem
contestar, sem
duvidar... credita-se ao
amado a maior garantia,
a maior veracidade,
porque ele virou, de
repente, o príncipe dos
seus sonhos... e um
príncipe só vira sapo
quando faz a apaixonada
entalar com uma pedra de
dimensões gigantescas,
porque, afinal, a
paixão tem o poder de
superlativizar tudo... o
amado é o máximo, o
amor é lindo, ninguém
nunca viveu coisa
parecida.
Inteligências, humores
e gentilezas sempre são
maiores que o normal e o
possível porque,
afinal, o amado é o
amado. Até o dia em que
o amado vira o
cretino... até o dia em
que se descobre que ele
não tinha nada de
príncipe, que o amor
foi um engodo, as
mentiras , incrivelmente
viram duras verdades e o
que fica superlativizada
é a decepção... não
com o sapo, quero dizer,
com o príncipe, mas com
a morbidez do ser
humano, com a capacidade
de enganar e, justiça
seja feita, de se deixar
enganar...
Ah!, mulher apaixonada,
se se pudesse dar um
passo atrás no tempo e
não cair na
conversa.... se se
pudesse lembrar os
desastres acontecidos
tão de perto, mas a
paixão bestifica a
mulher e, por maior que
seja a sua
inteligência, a burrice
ocupa todo o cérebro,
transformando em
sensações alucinantes,
qual fosse o maior dos
alucinógenos, toda e
qualquer atitude... E o
sapo, quero dizer, o
amado, se faz na
proporção desta
alucinação.
De tudo, o pior é
acordar com a ressaca do
sonho. Porque, num porre
de álcool, a ressaca
passa logo... mas, num
porre de homem, custa a
passar: dores de cabeça
intermináveis, enjôos
de estômago, o
coração apertado...
Mas, isto não é motivo
para se desesperar: como
qualquer boa ressaca que
se preze, esta, também,
passa. Demora um pouco,
mas passa. Até que
venha a lucidez, para
não mais repetir o
erro... ou até que
apareça outro sapo,
quero dizer, outro
príncipe.
Afinal, não
dizem por aí que para
não se ter ressaca é
necessário manter-se
constantemente de
porre???????
Pois é!!!!!!!!!!!!!...
Maria
Tereza
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