Quando eu era
adolescente, mesmo
do alto da
onipotência
conferida pelas
prerrogativas da
idade, quando a
gente acha que é o
dono do mundo, li um
livro do Padre João
Mohana - Maria da
Tempestade - que me
fez olhar o mundo de
forma mais realista.
Dele, destaquei
alguns trechos que
me acompanharam
desde então. Um
deles, diz respeito
à PAZ.
Escreveu o autor:
"Paz é algo como luz
no fundo de uma
gruta".
No primeiro momento,
destaquei a oração,
escrevi-a nos meus
"anais" de
adolescente (ou
caderno de
pensamentos, como
chamávamos) porque
achei a construção
lingüística muito
bonita, uma oração
poética que superou,
com a sua beleza, o
verdadeiro sentido
do que o autor
escreveu. Sentido
que só foi entendido
plenamente na
maturidade.
Mantenho, ainda, a
percepção da poesia
que reveste o verso,
da metáfora tão bem
criada pelo autor,
mas fico triste
quando penso no
verdadeiro sentido
que existe nessa
metáfora.
Neste momento,
percebo que o Padre
Mohana escreveu uma
dolorosa verdade...
que há anos essa
oração poética e
profética diz a mais
absoluta verdade.
Basta que nos
reportemos à
História para
perceber que não
vimos vendo qualquer
luzinha no fundo da
gruta. Por ambição,
por desejo de poder,
por uma concorrência
corpo-a-corpo que
gera injustiças e
ódios. Por racismo,
diferenças
religiosas, pelo não
respeito a
ideologias. Por
esquecimento de
Deus. Por
esquecimento de que
compomos a raça
humana e não somos,
impunemente, a única
espécie no mundo que
pensa. Pensamos, não
com o propósito de
ferir, mas de
construir.
Normalmente,
construir significa
forjar-se um
alicerce e sobre ele
erguer paredes.
Construir para o
alto. Construir para
cima. Construir para
Deus. Ferir diz
respeito a feras e
não foi esse o
propósito de Deus
para a sua criação
mais perfeita. Para
isso, criou os
irracionais que,
aliás, ferem apenas
por
auto-preservação.
Contrapartida, não
estamos sabendo
construir, do alto
da nossa
racionalidade, um
mundo racional e, ao
invés de estar
forjando alicerces
sólidos para
construir para o
alto, estamos
derrubando todas as
paredes que nos
elevam, como
criaturas de Deus e
para Ele.
Neste momento, o
mundo está
precisando,
essencialmente, de
paz.
A raça humana
perdeu-se de si
mesma. Perdeu-se dos
seus propósitos
divinos. Perdeu-se
na ira, na vingança.
E o pior: matam,
ferem, disputam em
nome de Deus. Como
se Ele incitasse e
desejasse guerras,
conflitos,
terrorismo e morte.
Já que não há
argumentos
convincentes, que o
argumento então seja
Deus.
Que Ele seja, então,
também aqui, o meu
argumento. O mais
forte argumento para
a construção da paz.
O maior motivo para
a solidariedade,
para o amor e para a
fraternidade.
Começando por mim,
estou deixando aqui
esta mensagem em
favor da paz.
Espero que
consigamos formar
uma enorme corrente
pela paz e pelo amor
entre as pessoas e
os povos. Sem
distinção de raça,
língua, cor, credo,
ideologia. Se você é
ateu e não defende a
paz através de Deus,
seja qual for o seu
argumento, que fique
gravado. Seja qual
for o seu Deus -
Católico,
Evangélico,
Espírita, Judeu, que
seja Ele a viva
chama que ilumine e
a eterna aliança que
una as pessoas e os
povos.
E que se deixe de
matar, corromper,
aterrorizar,
guerrear, espoliar,
segregar, em Seu
Nome.
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reservados -
2002
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