Há
algumas pessoas que se destacam para nós na
multidão. E não há argumento capaz de nos
fazer entender exatamente como isso
acontece. Porquê dançam conosco com mais
leveza nessa coreografia bela, e também
meio atrapalhada, dos encontros humanos.
Muitas vezes tentamos explicar, em vão, a
exata medida do nosso bem-querer. A doçura
de que é feito o olhar que lhes dirigimos.
Os gestos de que somos capazes para
ajudá-las a despertar um sorriso grande. E
somente sentir nos bastaria se ainda não
estivéssemos tão apegados à necessidade
de classificar todas as coisas. De
confiná-las entre as paredes das
explicações.
Não importa quando as encontramos no nosso
caminho. Seja lá em que momento for, parece
que estão na nossa vida desde sempre e que,
de alguma forma, mesmo depois dela
permanecerão conosco. É tão bonito
compartilhar a jornada com elas que nos
surpreende lembrar de que houve um tempo em
que ainda não estavam ao nosso lado. É
até possível que tenhamos sentido saudade
antes de (re)encontrá-las, pois estão tão
confortáveis em nosso coração que a sua
ausência, de alguma forma, deve ter se
mostrado presente. E o que sentimos por elas
vibra além dos papéis, das afinidades, da
roupa de gente que usam. Transcende a forma.
Remete à essência. Toca o que a gente não
vê. O que não passa. O que é.
Por elas nos sentimos capazes das belezas
mais inéditas. Se estão felizes, é como
se a festa fosse nossa. Se estão em perigo,
a luta é nossa também. E não há
interesse algum que nos mova em direção a
elas, senão a própria fluência do
sentimento. Sabemos quem são e elas sabem
quem somos e ficamos muito à vontade por
não haver enganos nem ilusões entre nós.
Ao menos, não muitos. Somos aceitos,
queridos, bem-vindos, quando o tempo é de
sol e quando o tempo é de chuva. Na
expressão das nossas virtudes e na
revelação das nossas limitações. E é
com esses encontros que a gente se exercita
mais gostoso no longo aprendizado do amor.
Colaboração
Cibele Menini |