E uma mulher que acalentava um bebê
disse:
- Fale-nos de crianças...
E ele disse:
- Tuas crianças não são tuas crianças. Elas são os filhos da Vida que anseia
por si.
Elas vieram através de ti mas não de ti, e a despeito de estarem contigo
elas não te pertencem.
Tu podes dar-lhes teu amor mas não teus pensamentos, pois elas têm seus
próprios pensamentos.
Tu podes hospedar seus corpos mas não suas almas, pois
suas almas habitam a casa do amanhã, que tu não podes visitar, mesmo em teus
sonhos.
Tu podes empenhar-te para seres como elas, mas não tentes fazê-las serem
como tu, pois a vida não caminha para trás nem coabita com o ontem.
Tu és o arco do qual tuas crianças, como flechas vivas, são impulsionadas.
Arqueiro, vede a marca sobre a trajetória do infinito, a ele te dobra com seu
poder para que tuas flechas sigam velozes e para longe.
Deixes que a flexão na mão do arqueiro seja para o contentamento e a
felicidade, pois assim como Ele ama a flecha que voa, Ele ama também o arco
que seja firme".
Trecho
do livro "O profeta"
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