A alegria provocante do teu sorriso
a fresca alegria
da tua boca molhada como os caminhos
ao nascer do dia,
- ah! não será isto poesia?
A música de abismo no silencio longo
do teu beijo que atrai,
essa estranha vertigem que inebria,
- ah! não será isto poesia?
O vento a acariciar os tens cabelos soltos
teus cabelos revoltos
macios e leves,
como painas, como nuvens, como neves,
tecidos de seda e de luz
numa estranha magia
- ah! não será isto poesia?
E o mistério de teus olhos profundos, castanhos,
que atraem como horizontes
para mundos estranhos,
onde há noites de amor, e nunca chega o dia ...
- ah! não será isto poesia?
A visão do teu pescoço branco, selado como um templo,
pelo véu de teus cabelos louros, que eu descubro
nos delírios de minha fantasia,
- ah! não será isto poesia?
E o lóbulo de tua orelha, pequenino, redondo,
onde a maciez do teu corpo se adivinha,
e onde mora o perfume de tua carne que antevejo
e se anuncia...
- ah! não será isto poesia?
E a beleza de tua adolescência, insubmissa e revolta,
no ritmo de tuas formas libertadas
ferindo o meu olhar como saga bravia...
- ah! não será isto poesia?
E a tua voz
- a noite que se fez sorri numa flauta macia -
e teu corpo, uma bandeira inquieta desfraldada,
teu amor, prece sensual para a minha heresia...
- ah! não será isto poesia?
- Sim, isto tudo é poesia, em vida revelada,
porque tu és a Poesia, oh! minha doce amada! (Extraído do livro
"Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou"
Vol. II - 1a edição 1965 )
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