Ser
mulher,
vir à luz
trazendo a alma
talhada
para os gozos
da vida;
a liberdade
e o amor;
tentar da glória
a etérea
e altívola escalada,
na eterna
aspiração
de um
sonho
superior...
Ser
mulher,
desejar outra
alma pura
e alada
para poder, com ela, o infinito transpor;
sentir a vida
triste, insípida,
isolada,
buscar um companheiro e encontrar um senhor...
Ser
mulher,
calcular todo
o infinito
curto
para a larga expansão do desejado surto,
no ascenso
espiritual aos perfeitos ideais...
Ser
mulher, e,
oh!
atroz,
tantálica tristeza!
ficar na vida
qual uma águia
inerte, presa
nos pesados
grilhões
dos preceitos
sociais!
*Publicado no
livro
Cristais
partidos (1915).*
In: MACHADO,
Gilka. Poesias
completas. Apres. Eros Volúsia
Machado. Rio de Janeiro: L.
Christiano: FUNARJ, 1991, p. 106. |