Estranho e duro amor
é o nosso amor, amante-amiga,
que não se farta de partir-se
e não se cansa de querer-se.
Amor, todo feito de distâncias necessárias que
te trazem,
de partidas sucessivas
que me levam.
Que espécie de amor é esse amor
que nos doamos
sem pensar e sem querer,
com tanto amor e tão profundo magoar?
Estranho e duro amor que não se basta,
de outros amores se socorre
e se compensa,
e nesse alheio compensar-se
nunca se alimenta,
mas se avilta e se desgasta.
Estranho amor,
ferino amor,
instável amor,
feito sem muita paz,
com certo desengano
e um desconsolo prolongado.
Feito de promessas sem futuro
e de um presente de saudades.
Chorar tão dúbio amor
quem há de...?
Estranho amor,
e duro amor,
incerto amor,
que não te deu o instante que esperavas
e a mim me sobejou do que faltava. |