Chora o orvalho da luz sobre a rosa do
dia
que se fecha. O jardim todo lembra um
altar
para o qual sobe o incenso azul da
nostalgia,
e onde os lírios estão de joelhos, a
rezar.
Tu cantas para mim. Tua voz, triste e
mansa,
vem trazendo, a gemer, dos confins da
lembrança,
qualquer coisa de velho, onde a vida se
esfume.
Quando a voz adormece um fantasma
desperta.
A tua boca é como uma rosa entreaberta
que a saudade acalante e o passado
perfume.
E essa velha canção que o teu lábio
cicia,
no momento em que a tarde adormece no
olhar,
enche o meu coração de uma vaga
harmonia,
de um desejo pueril de ser bom, e
chorar... |