...E, então, tenho pensado em nós dois, em mim, em como os nossos dias podem variar da mais louca alegria à mais profunda tristeza... em como a vida pode ser generosa e mesquinha... e em como reagimos e reagirmos às adversidades. Em como conseguirmos ser fortes em momentos de solidão... em como resgatarmos a coragem de viver.... em como superarmos a perda de um amor que acabou...
              A vida, às vezes, mais parece um poço fundo, onde caímos de cabeça e mergulhamos no caos - um turbilhão de imagens, sons, pensamentos, nuvens densas e revoluções interiores. As lembranças criam corpo e nos remetem de volta, numa tristeza infinita, numa saudade profunda, mórbida, atroz, ferina... e nos entregam à vida, agora, pontuada de incertezas. Emergimos, na intenção de resgatar o que sobrou do sonho e, se nada mais restou, consertar o que sobrou de nós mesmos, costurar os retalhos, colar os cacos.
              Tantas coisas vividas, sentidas, tantos desejos, tanta esperança!!!.... Tudo jogado ao vento, como se não tivesse acontecido... tudo acabado, sem presente, sem futuro, só com o passado a perpetuar impressões e a desdobrar mais saudades...
              Percebe-se, num momento, que não há resgate possível, porque o que se vive fica impresso na alma, nos sonhos, nas lembranças. Depois, com o passar inexorável e irreprimível das horas e dos dias e das semanas, ainda que com a cabeça enterrada na solidão, percebe-se que o sol continua brilhando, o mundo continua o seu movimento, as pessoas vivem, as plantas crescem, as flores desabrocham e, indiferente à sua inércia e à sua dor, tudo continua na mesma rotina de sempre.
              Daí, finda a pretensão de ser o centro do universo, nada mais resta senão olhar o sol nascer - ainda que esse brilho ofusque a visão -, apagar da alma a escrita da última aula e tentar passar a vida a limpo, como se o caderno da sua vida começasse a ser escrito de novo....


 



Página produzida para o Tempo de Poesia em outubro/2013.
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