Elegia I
Sobrou ainda...

 

Em certo tempo a gente pensa que,
porque do amor vivido nada sobrou,
a vida inteira deixou de fazer sentido
e tudo o mais que existia, acabou...

Mero engano! Partiram-se as algemas
rompeu-se um sonho de futuro...
Mas restou, apesar das nossas penas,
um coração – livre, apaixonado e puro.


Elegia II
Juntando os cacos

Depois de ajuntados e colados os cacos,
após o vendaval e a tempestade inclementes,
Com isenção, podemos enxergar que quem perdeu
não fomos nós – foi quem perdeu a gente.


Elegia III
Criada-muda

Superado o estado de bestificação absoluta
que a paixão tão bem sabe impregnar,
observa-se que a pobre criada-muda
desvencilhou-se das amarras para voar...


Elegia IV
Enganos

 


Não é porque o outro deixou de nos amar,
que negaremos o quanto o amamos, quanto!
Só não mais vale a pena nos enganar
e nos perder de ilusão em seus encantos...

O que magoa, na história de um amor perdido,
é mais que a perda, pois isso é contingência.
O que dói, na verdade, e bem doído
é deixar enganarem a nossa inteligência.

 

Elegia V
Acidente

Antes sofrer por não ter tido um amoroso acidente
que sofrer mais tarde, depois de acontecido...
Na verdade, um favor nos foi oferecido
evitando que a razão permanecesse dormente.

 

Elegia VI
Controvérsia

Espelho, espelho meu:
Há neste mundo alguém
Mais controverso do que eu?

Página produzida para o Tempo de Poesia em março/2012.
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