ESSA TAL FELICIDADE
Maria Tereza

Os últimos séculos foram permeados por um sentido de materialidade, uma corrida pelo poder, pelo ter, pelo status quo.
Mas, as pessoas, nesta corrida desabalada pelo ter, esqueceram-se que ser é mais importante. Enganaram-se, entendendo que a busca da quantidade de riqueza e poder que tivessem podia lhes conferir felicidade que, afinal, é o objetivo de todo ser humano.
A competitividade separou as pessoas, as comunidades passaram a ser, cada vez mais, isoladas e, mesmo as moradias, adotaram uma estrutura que permitisse o isolamento que cada ser humano quer conservar para si e sua vida.
Após este processo longo, começamos a perceber, então, que estivemos esquecidos das essencialidades da vida humana, das coisas que realmente podem conferir felicidade. É bem verdade que, para cada um, felicidade é sinônimo de alguma coisa, é o objetivo a ser conquistado, é um bem a ser apropriado. No entanto, há pessoas que buscam, passam uma vida superando objetivos, colecionando bens e, ao final, dão-se conta de que não foram felizes, tudo foi em vão.
É neste momento que se voltam para dentro de si mesmos e percebem que felicidade não é uma coisa, felicidade é um estado, nem sempre onde quem tem mais é o mais rico.
Não é verdade que "não existe felicidade, existem apenas momentos felizes". A verdade é que é feliz quem reconhece que estes momentos, às vezes, de uma simplicidade monástica, é o verdadeiro alimento da alma, o encontro com a beleza da vida, com o magnífico.
Felicidade também são conquistas, mas aquelas que permitem ao ser humano crescer interiormente e , de certa forma, fazer crescerem os que estão ao seu lado. Felicidade é um estado tão interior, que quem é, genuinamente, feliz, é capaz de fazer felizes os que estão ao seu lado. Na verdade, ser feliz é ver na vida as pequenas belezas de todo dia, de crer no ser humano como a criação mais perfeita de Deus e de poder e saber dividir com os outros a essencialidade de ser humano. Porque, como o único animal que pensa, o homem é capaz de superar todas as adversidades, adaptar-se a situações nunca pensadas, transformar-se em situações de conflito e crescer, ser melhor, modificar-se intrinsecamente. Esta evolução é bem visível ao longo das eras em que estamos passeando por aqui.
Pela busca que se vê, hoje, de Deus, é bem possível que esse ser coisificado que vemos nos últimos séculos transforme-se em humano de fato e possamos, então, reconhecer que somos profundamente felizes, desde que saibamos utilizar os potenciais de humanidade que nos foram colocados à disposição e que nada pressupõem de materialidade, mas de amor, solidariedade e compaixão.

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