Há algo em cada mulher que se tateia como se tocássemos seda.
Não me refiro ao que há de frívolo ou comum na expressão "como seda", mas a algo mais
radical que se tateia porque não se sabe e fascina; que é seda porque especiaria,
porque de procedência outra e mistério. Há algo em cada mulher, ou melhor na atmosfera
que envolve cada mulher, que transforma as coisas e as faz mais interessantes.

Em torno de cada mulher há um silêncio; levíssima ausência que sentimos na espinha.
A atmosfera em torno de cada mulher recolhe todas as palavras e, algumas vezes nos leva
também o ar. Diante de certas mulheres, há paisagens inteiras. Há mulheres líquidas que olham
como se derramasse o oceano sobre nós e, outras, diante das quais pressentimos intimidade
sombria com rumor de águas fundas. Há mulheres de doçura múltipla e de uma urgência que alimenta
as outras que, quando se as vê, prenuncia-se tormenta. Há mulheres febris e mulheres simétricas.
As que emergiram de uma tela e as que saíram de uma fruta. Há mulheres que flutuam,
que deslocam-se como um conceito. Algumas ventam e tanto que nos sopram num canto;
outras são de lua e nos beijam na rua. E há aquelas que perdemos; as que não veremos nunca mais.
Mulheres que nos invadem ainda, às vezes como punhais.

Há algo em cada mulher que se tateia como se tocássemos seda. No sentido também de como deve
ser sensível o nosso toque. Que ele não fira. Que não tergiverse e não desvie. Que seja simples
e inteiro sempre. Que, sobretudo, nosso toque seja tão somente um jeito de realçar o que faz da
seda feminina. O que nos encanta, além da palavra, o que desconserta, neste ser que ilumina.

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Página produzida para o Tempo de Poesia em outubro/2013.
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