I

Tenho fome de tua boca, de tua voz, teus cabelos
e pelas ruas vou sem me nutrir, calado,
não me sustenta o pão, a aurora me desconserta,
procuro o líquido som de teus pés pelo dia.

Faminto estou de teu sorriso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas,
quero comer tua pele como intacta amêndoa.

De Cien sonetos de amor

II

Gosto quando te calas, porque estás como ausente,
e me ouves desde longe, e minha voz não te alcança.
Parece que teus olhos tivessem voado
e parece que um beijo te cerrasse a boca.

Como todas as coisas estão cheias de minha alma,
emerges tu das coisas, cheia de minha alma.
Borboleta de sonho, és como minha alma
e te pareces à palavra melancolia.

De Vinte poemas de amor y una canción desesperada

III

Talvez tu não saibas, araucana,
que quando, antes de te amar, me esqueci de teus beijos
meu coração ficou recordando tua boca

e fui como um ferido pelas ruas
até compreender que havia encontrado,
amor, meu território de beijos e vucões.

De Cien sonetos de amor

A poesia é sempre um ato de paz.
O poeta nasce da paz como o pão
nasce da farinha.

De Confiesso que he vivido

Amo o amor que se reparte
em beijos, leito e pão.

Amor que pode ser eterno,
mas pode ser fugaz.

Amor que se quer liberar
para seguir amando.

Amos divinizado que vem vindo.
Amor divinizado que se vai.

De Crepusculario

Página produzida para o Tempo de Poesia em junho/2011.
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