Bem-te-vi
que está cantando
nos ramos da madrugada,
por muito que tenhas visto,
juro que não viste nada.
Não
viste as ondas que vinham
tão desmanchadas na areia,
quase vida, quase morte,
quase corpo de sereia.
E as
nuvens que vão andando
com marcha e atitude de homem,
com a mesma atitude e marcha
tanto chegam como somem.
Não
viste as letras, que apostam
formar idéias com o vento...
E as mãos da noite quebrando
os talos do pensamento.
Passarinho,
tolo, tolo,
de olhinhos arregalados...
Bem-te-vi que nunca viste
como os meus olhos fechados... |